Você acompanha as tendências de MODA? Ao comprar uma peça de roupa da MODA você já pensou qual será o destino dela após o tempo que ela lhe for útil Pois é! Atualmente o lixo proveniente da indústria têxtil está se tornado cada vez mais prejudicial ao meio ambiente, e não podemos pensar somente no impacto no solo e na água que são contaminados, mas também no impacto social e financeiro gerado para a administração pública com o descarte desse resíduo gerado pela indústria têxtil. Pois não somente as peças no final da vida útil são consideras lixo, mas os restos gerados na produção de novas peças também trazem grandes impactos.
Para se ter uma ideia somente a região do Brás em São Paulo, um dos principais polos da indústria têxtil no Brasil gera cerca de 45 toneladas de resíduos que são descartados junto com o lixo comum em aterro municipal, além das várias toneladas que são recicladas e das poucas que são reformadas. Então como podemos perceber temos 3 vias o envio ao aterro para destinação final como lixo comum, os recicladores que reprocessam este resíduo e revendem as indústrias para que ele retorne ao processo produtivo na forma de enchimento de travesseiros, pelúcia, revestimento de veículo, entre outros, e ainda os recicladores que utilizam esse resíduo para produção de peças novas a partir de resíduo.
De acordo com a Lei nº 12.305/10 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (“PNRS”) a responsabilidade do gerenciamento do resíduo gerado seja ele na produção de novas peças ou no final da vida útil é do gerador desse resíduo. A exemplo da adequação ao sistema de Logística Reversa ocorrido na indústria das baterias automotivas, não ocorre no setor têxtil e a mentalidade dos representantes deste setor não está alinhada com a PNRS, tendo em vista que para eles o correto seria uma parceria público-privado para realizar esse gerenciamento.
Mas a grande questão é que atualmente quase nada neste sentido é feito, e toneladas e toneladas de lixo ou resíduo da indústria têxtil são descartadas de maneira irregular e passam a ser problema para administração pública que por sua vez direciona isso a aterros, contudo atualmente boa parte dos municípios ainda fazem uso dos antigos lixões para descarte e sem as medidas mitigatórias presentes em aterros sanitários, mais contaminação é gerada através da produção exacerbada que temos atualmente no Brasil, são cerca de 8,9 bilhões de novas peças por ano sendo produzidas, além de todo o resíduo gerado nessa produção.
Contudo uma dúvida que deve estar passando pela sua cabeça. Como peças de vestuário podem causar contaminação ao solo e a água subterrânea? Bom, a maior parte das peças são tingidas e passam por aplicação de produtos químicos que vemos ser liberados a cada lavagem quando a roupa vai perdendo a cor, este processo ocorre em pequena escala em nossas casas, mas em um lixão onde este material considerado resíduo no início do processo de decomposição libera diversas substâncias que promovem essa contaminação.
Até o momento falamos apenas do Brasil, contudo o problema ambiental gerado pela MODA atinge diversos locais do mundo, tais como Chile que tem hoje uma enorme pilha de peças de “segunda mão” e Gana que possui um mercado somente dessas peças que não servem mais para alguns e se tornam peças novas para outros, mas o problema é que a quantidade de peças recebidas por Gana é de cerca de 15 milhões de itens por semana, destas são separadas e as que não servem mais hoje são descartadas em praias da região, existem praias já tomadas pelas pilhas de lixo proveniente do setor têxtil.
Pensar em soluções para todo esse volume gerado de resíduos é um grande desafio, mas no momento fomentar atividades de reciclagem e apoiar recicladores são passos iniciais para a solução deste problema, além é claro de atribuir essa responsabilidade pelo gerenciamento aos geradores como prevê nossa legislação vigente.
O setor têxtil não está na MODA, pois ainda é um setor que promove um Meio Obscuro De Descarte de Resíduos no Meio Ambiente.
E você, concorda ou discorda que o setor têxtil precisa se adequar a Política Nacional de Resíduos Sólidos? Se desejar compartilhar a sua opinião, envie sua mensagem através dos nossos canais digitais, e-mail ou redes sociais.
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Postado em: 16, fev, 2022