Com nove municípios na sua área de abrangência, a Agência Mogi das Cruzes da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) está entre as 10 regiões que apresentam os maiores índices de áreas contaminadas no território paulista.
São 133 imóveis comprometidos por agentes poluidores, em especial, os pertinentes às atividades de posto de gasolina e indústria, como é caso da antiga Companhia Siderúrgica Mogi das Cruzes (Cosim), onde as moinhas de carvão e outros resíduos metálicos depositados no solo e subsolo estão sob o risco de incêndio. Na última semana, a Cetesb autuou a Prefeitura e deu prazo de 30 dias para o isolamento da área, que fica numa região urbana, vizinha a um bairro residencial. No Estado todo, dividido em 51 regionais, a Cetesb contabiliza a existência de 4.572 áreas contaminadas.
O Alto Tietê tem 3% delas e figura no ranking atrás apenas de Pinheiros, Tatuapé, São Bernardo do Campo 1 Santo Amaro, Campinas, Santos, Santana e Osasco. Os dados são preocupantes já que apenas 25 das 133 propriedades que estão comprometidas ambientalmente na Região estão em processo de reabilitação e apenas três já foram recuperadas e até ganharam novos usos. A maioria das áreas com passivo ambiental, no entanto, encontra-se em fase de investigação (80 delas) ou simplesmente foram identificadas como contaminadas e estão no início de um processo que levará no mínimo cinco anos para ser concluído.
“Essas áreas somente foram submetidas à fase de investigação confirmatória, faltando continuar com as fases subsequentes, ou seja, a investigação detalhada, onde deverá ser efetuado o mapeamento/delimitação da pluma de contaminação, o estudo de análise de risco, a proposta e cronograma para efetivação da remediação propriamente dita e por fim, o monitoramento para confirmação da remediação efetuada”, explica o gerente da Agência Mogi das Cruzes da Cetesb, Edson Santos.
“A partir da confirmação da contaminação, o responsável tem prazo de cinco anos para promover a recuperação”, acrescenta. Há casos, no entanto, que o prazo supera muito o previsto. A área da antiga Cosim, por exemplo, foi interditada pela Cetesb em 2002 em razão da contaminação por resíduos siderúrgicos e moinha de carvão que atingem solo, subsolo e águas subterrâneas.
Na época, pessoas que andavam pela região chegaram a sofrer queimaduras, já que o material é altamente combustível em períodos de estiagem. Parte dos agentes poluidores foi removida, mas restam ainda algumas poças e a remediação para um uso posterior da área como parque, que deveria ter sido concluída em 2012, até hoje não foi executada. A Prefeitura, que é tida como responsável pela área, argumenta que não pode avançar na remediação porque há um litígio judicial sobre a propriedade de alguns terrenos que somam à gleba de 48 hectares da antiga Cosim. Além disso, como o local foi incluído entre as áreas com prioridade para recuperação no Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Tietê, espera a deliberação disso junto ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) para conseguir os recursos necessários.
Ainda não há estimativas de quanto essa recuperação vai custar, mas normalmente a remediação de áreas contaminadas exige investimentos que vão de R$ 200 mil a milhões de reais. “Os custos variam em função do grau de contaminação e do processo de remediação necessário. Há casos em que a contaminação não é grave, em terreno da própria empresa/pessoa, não afetando terceiros e, nestes casos, a Cetesb pode aceitar como proposta de remediação a “atenuação natural”, com custo baixos. Porém, há casos em que existe a necessidade de implementação de processos de remediação onde os custos serão variados e às vezes elevados”, pondera o gerente da Cetesb.
Especificamente da área da antiga Cosim, que é apontada como uma das situações mais graves do Alto Tietê, a Cetesb deu na última semana um prazo de 30 dias para a Prefeitura isolar o acesso de pessoas e animais e apresentar um relatório com a descrição das medidas adotadas para a eliminação das fontes primárias de contaminação. Até a última sexta-feira, a Prefeitura não tinha se manifestado junto à Cetesb, mas ao jornal antecipou que está contratando uma empresa para investigar o nível atual de contaminação na área. De acordo com a Cetesb, a restrição de acesso é exigida em áreas com alto grau de contaminação, mas na maior parte dos casos, placas orientativas são suficientes para alertar sobre os riscos. (Mara Flôres)
Fonte:
http://www.odiariodemogi.inf.br/cidades/destaque/21807-regiao-133-areas-contaminadas.html
Postado em: 13, abr, 2016