O que está acontecendo com o terreno conhecido por receber a moinha de ferro, um dos resíduos da produção do aço na Mineração Geral do Brasil (MGB), na Vila Industrial, demonstra como a recuperação de áreas contaminadas praticamente inexiste e quão onerosos são os custos sociais da poluição industrial.
Monitorado há anos pela Companhia de Saneamento Ambiental (Cetesb), o imóvel integra a Área de Proteção Ambiental (Apa) do Rio Tietê e segue sem a reabilitação que poderia livrá-lo dos danos deixados pela atividade siderúrgica e garantir um melhor uso de uma área bem localizada. É um exemplo que a Cidade não pode desconsiderar. Ainda que no passado a fragilidade da legislação tenha contribuído para isso, ainda hoje, atividades que contaminam o solo e lençol freático comprometem e/ou inutilizam mais de 66 áreas em Mogi das Cruzes. O complicado é que não se vê avanços na cobrança e na reversão dos danos, na maioria dos casos. Nos últimos dias, os moradores daquela região registram a ocorrência de incêndios e de uma resistente fumaça que provoca o mal-estar a quem vive, trabalha ou passa por ali, principalmente no final de tarde e início da noite.
Além desse problema agravado pela estiagem dos últimos dois meses, a faixa do terreno na Avenida Cavaleiro Nami Jafet se transformou em um depósito de lixo. Nunca saiu do papel o antiguíssimo projeto da Prefeitura que prevê a criação de um parque no terreno de 48 mil metros². E isso por causa do passivo legado pela mineração, num período em que o Brasil mal dispunha de leis ambientais. Na administração Junji Abe, o governo municipal chegou a instalar equipamentos de lazer. Mas pouco tempo depois, no entanto, o projeto foi abandonado. Dele restou apenas uma trave de futebol.
Os acidentes com crianças que entravam nas trilhas abertas entre as árvores no espaço tornaram o lugar conhecido. Descalças, elas ficavam com os pés chamuscados por causa da moinha de carvão, durante anos enterrados pela MGB e, posteriormente, pela Cosim (Companhia Siderúrgica de Mogi das Cruzes). A atual administração garante que realiza a limpeza, mas as fotografias publicadas por este jornal na edição de ontem revelam justamente o contrário disso: lixo, mato e sujeira. A Cetesb afirma que monitora os resíduos. Só isso, no entanto, não tem resolvido esse impasse. É preciso cuidar da área que durante anos está ociosa, trazendo problemas aos moradores e desvalorizando a Vila Industrial.
fonte:
http://www.odiariodemogi.inf.br/opiniao/editorial/21621-eterna-contaminacao.html
Postado em: 13, abr, 2016