Contaminações afetam toda a região de Campinas



A região de Campinas, onde está localizada a cidade de Cosmópolis e a antiga fábrica da Eli Lilly, é conhecida pelo grande número de áreas contaminadas.

Um relatório da Companhia de Tecnologia Ambiental de Saneamento Ambiental (Cesteb) apontou que, entre 2006 e 2007, as 19 cidades da Região Metropolitana de Campinas concentravam cerca de 10% de todas as áreas contaminadas no estado de São Paulo. Campinas, Paulínia e Cosmópolis concentravam o maior número de indústrias com histórico de contaminação, com 27 pontos de poluição. Entre os principais contaminantes identificados pela Cetesb na região estavam solventes aromáticos, combustíveis líquidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), metais e solventes alogenados.

Um dos locais mais conhecidos de contaminação ambiental era o chamado Aterro Mantovani, localizado no Km 147 da Rodovia Campinas-Mogi Mirim, em Santo Antonio de Posse. O local recebeu entre 1974 e 1987 todo o tipo de resíduo tóxico das mais de 60 indústrias químicas, farmacêuticas, metalúrgicas e de refino de petróleo da região. Segundo relatório divulgado pela Cetesb, foram depositadas no aterro 326 mil toneladas de produtos tóxicos. Os poluentes acabaram contaminando as águas e o solo na região. Em 2001, parte das mais de 60 empresas contaminadoras assinaram um termo de ajustamento de conduta (TAC) se comprometendo a remediar a área. Os investimentos das empresas para remediar a área do aterro foi de R$ 22 milhões, mas a previsão é de que serão necessários R$ 200 milhões e pelo menos 20 anos para concluir o trabalho de recuperação.

O caso mais recente e de maior repercussão foi a contaminação de mais de mil trabalhadores por substâncias tóxicas na fábrica de pesticidas que pertenceu à Shell e à Basf, no bairro Recanto dos Pássaros, em Paulínia, cidade vizinha a Cosmópolis. A ação coletiva, de autoria do Ministério Público do Trabalho, teve início em 2007 e pedia indenizações aos ex-funcionários contaminados entre 1974 e 2002 que chegava a R$ 1 bilhão. Em abril do ano passado, um acordo inédito homologado no Tribunal Superior do Trabalho (TST) encerrou o chamado “Caso Shell”. Cerca de 60 ex-funcionários, porém, não puderam comemorar a “vitória” na ação, morreram antes da assinatura do acordo considerado histórico pelos advogados. No total, Shell e Basf tiveram que pagar R$ 400 milhões em indenizações, metade foi para os 1.058 trabalhadores afetados pelas substâncias tóxicas e a outra metade rateada entre entidades de pesquisa na área do trabalho. As empresas se comprometeram ainda a fornecer atendimento médico e odontológico vitalício aos ex-funcionários e seus parentes.

Na época, a Shell considerou importante o acordo, mas manteve a posição adotada desde o início da ação civil pública de que não havia provas concretas de danos à saúde dos ex-funcionários. Coincidentemente, a estratégia de negar a contaminação está sendo adotada também pela Eli Lilly no episódio ocorrido em sua antiga fábrica em Cosmópolis, que hoje abriga uma unidade do Antibióticos Brasil (ABL).

fonte: http://oglobo.globo.com/economia/contaminacoes-afetam-toda-regiao-de-campinas-12595699#ixzz37qj5fhGt


Postado em: 13, abr, 2016

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