Investigação confirmatória de contaminação foi exigida pela Cetesb.
Foram notificados quatro cemitérios de Mogi das Cruzes, Suzano e Ferraz.
“Cemitérios da região terão que apresentar à Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) uma investigação confirmatória de contaminação das águas subterrâneas por necrochorume. Receberam a notificação quatro cemitérios do Alto Tietê: o Cemitério de Sabaúna, em Mogi das Cruzes; Cambiri e Saudade, em Ferraz de Vasconcelos e São João Batista, em Suzano. O prazo para a entrega do relatório é final de julho.
De acordo com a Cetesb, os cemitérios foram selecionados depois da avaliação de critérios como profundidade do lençol freático, a proximidade de corpos d’água e o porte do município.
O cemitério de Sabaúna possui cerca de 680 sepulturas e recebe, em média, até cinco sepultamentos por mês. O primeiro sepultamento realizado no local foi na década de 1940. A possibilidade de contaminação aflige quem mora próximo ao local, como o domador de cavalos, Rafael Ferreira. “Eu moro mais para cima do cemitério, mas tenho um conhecido que mora mais próximo. Se essa contaminação existir, é uma coisa que preocupa, teria que fazer um tratamento dessa água. A maior parte da água do pessoal do bairro é de poço”, conta ele.
Já o cemitério São João Batista, em Suzano, teve o primeiro sepultamento em janeiro de 1977. O cemitério conta com 4 mil túmulos. Em Ferraz de Vasconcelos, o Cemitério da Saudade, um dos mais antigos, foi construído em 1914 e tem hoje 4 mil sepulturas. No local, são realizados 300 enterros por ano. Já o Cemitério do Cambiri, começou a funcionar em 1986. Nele, há 5 mil sepulturas e são feitos 720 enterros por ano. “Esses são os cemitérios existentes na região do Alto Tietê selecionados pela Cetesb, com a exigência de apresentação de um plano de controle, com foco na questão da investigação de áreas contaminadas”, informou a Companhia em nota ao G1.
As prefeituras desses municípios já foram notificadas e têm prazo até o final do mês de julho para apresentar a investigação confirmatória exigida pela Cetesb.
De acordo com a Cetesb, o relatório técnico tem que estar devidamente assinado por especialistas credenciados pelos respectivos conselhos profissionais, atestando que a área está ou não contaminada. Isso quer dizer que deverá ser feita uma investigação das águas subterrâneas, para ver se ocorreu a contaminação por necrochorume, decorrente da putrefação dos corpos, bem a extensão dessa contaminação (se houver).
“Para isso, deverão fazer perfurações em vários pontos do cemitério e também fora da área do cemitério, colher amostras de água e analisá-las em laboratório, para ver que tipo de contaminação ocorreu. Ou se não ocorreu”.
A Cetesb explicou ainda que “os critérios adotados objetivaram identificar os cemitérios nos quais é maior a possibilidade de contaminação da água subterrânea, sendo verificada a profundidade do lençol freático, a proximidade de corpos d’água e o porte do município, com população acima de cem mil habitantes.”
Cemitérios existentes antes de dezembro de 2002 deverão fazer a investigação confirmatória de contaminação, sendo convocados conforme seleção dos empreendimentos, a partir de um levantamento em que cada área recebeu uma pontuação para cada um dos atributos estabelecidos para a sua caracterização ambiental, sendo que, quanto maior a pontuação total atingida, maior seria probabilidade do empreendimento ser considerado suspeito de contaminação.
Os irmãos José Luiz Mariano e Galdino Mariano de Almeida, que moram na Vila Matias, em Sabaúna, estão apreensivos. “Se tiver algum problema com esse cemitério tinha que fazer alguma obra pra drenar isso, porque ele é muito antigo”, diz o ajudante geral José Luiz.
Caso a contaminação seja confirmada, a Companhia Ambiental irá exigir do responsável a apresentação de um plano de recuperação da área, que será devidamente analisado. Se aprovado, o plano deverá ser executado e, se reprovado, o responsável deverá fazer os aperfeiçoamentos necessários.
A Cetesb esclarece que a recuperação de águas subterrâneas consiste, geralmente, na extração do líquido contaminado, seguindo-se o tratamento para remover os contaminantes. Se o problema for no solo, normalmente, este é removido e substituído.
A Companhia diz ainda que caso não se constate a existência da poluição, o empreendimento deverá manter os cuidados preventivos, como a manutenção adequada dos sistemas de drenagem, impermeabilização adequada do solo e monitoramento periódico das águas subterrâneas.
Prefeituras
A Secretaria de Meio Ambiente de Suzano informou que a contratação de empresa especializada para realização do estudo já está em fase de licitação.
A Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de Ferraz de Vasconcelos afirmou que está trabalhando no processo licitatório que vai tornar possível a contratação de uma empresa especializada em laudos e estudos técnicos ambientais. Informou ainda que essa empresa ficará responsável em realizar uma análise superficial e subterrânea dos dois cemitérios, verificando, assim, a questão solicitada pela Cetesb. Ressaltou ainda que a Prefeitura investe na fiscalização dos cemitérios municipais e particulares da cidade.
O secretário de Verde e Meio Ambiente de Mogi das Cruzes, Romildo Campello, informou que a primeira etapa do estudo já está sendo providenciada, que é a entrega de informações sobre o cemitério, como a quantidade de jazigos e sepultamentos. “Há ainda a necessidade de contratação de serviços técnicos e estamos em processo de contratação”, conclui ele que enfatiza também que este é um procedimento de rotina de toda a região do Vale do Paraíba e, que, por isso o Cemitério de Sabaúna está incluso na pesquisa.”
Fonte: G1, TV Diário – Mogi das Cruzes e Suzano
Matéria publicada em: 01/06/2014
Postado em: 16, dez, 2016