Cemitérios do Alto Tietê terão que passar por análise de contaminação



Tatiane Santos Do G1 em Mogi das Cruzes e Suzano

Cemitérios da região terão que apresentar à Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) uma investigação confirmatória de contaminação das águas subterrâneas por necrochorume.

Receberam a notificação quatro cemitérios do Alto Tietê: o Cemitério de Sabaúna, em Mogi das Cruzes; Cambiri e Saudade, em Ferraz de Vasconcelos e São João Batista, em Suzano. O prazo para a entrega do relatório é final de julho. De acordo com a Cetesb, os cemitérios foram selecionados depois da avaliação de critérios como profundidade do lençol freático, a proximidade de corpos d’água e o porte do município. Além disso, apenas cemitérios construídos antes de 2002 estão na lista.

O cemitério de Sabaúna possui cerca de 680 sepulturas e recebe, em média, até cinco sepultamentos por mês. O primeiro sepultamento realizado no local foi na década de 1940. A possibilidade de contaminação aflige quem mora próximo ao local, como o domador de cavalos, Rafael Ferreira. “Eu moro mais para cima do cemitério, mas tenho um conhecido que mora mais próximo. Se essa contaminação existir, é uma coisa que preocupa, teria que fazer um tratamento dessa água. A maior parte da água do pessoal do bairro é de poço”, conta ele. Já o cemitério São João Batista, em Suzano, teve o primeiro sepultamento em janeiro de 1977.

O cemitério conta com 4 mil túmulos. Em Ferraz de Vasconcelos, o Cemitério da Saudade, um dos mais antigos, foi construído em 1914 e tem hoje 4 mil sepulturas. No local, são realizados 300 enterros por ano. Já o Cemitério do Cambiri, começou a funcionar em 1986. Nele, há 5 mil sepulturas e são feitos 720 enterros por ano. “Esses são os cemitérios existentes na região do Alto Tietê selecionados pela Cetesb, com a exigência de apresentação de um plano de controle, com foco na questão da investigação de áreas contaminadas”, informou a Companhia em nota ao G1.

As prefeituras desses municípios já foram notificadas e têm prazo até o final do mês de julho para apresentar a investigação confirmatória exigida pela Cetesb. De acordo com a Cetesb, o relatório técnico tem que estar devidamente assinado por especialistas credenciados pelos respectivos conselhos profissionais, atestando que a área está ou não contaminada. Isso quer dizer que deverá ser feita uma investigação das águas subterrâneas, para ver se ocorreu a contaminação por necrochorume, decorrente da putrefação dos corpos, bem a extensão dessa contaminação (se houver).

“Para isso, deverão fazer perfurações em vários pontos do cemitério e também fora da área do cemitério, colher amostras de água e analisá-las em laboratório, para ver que tipo de contaminação ocorreu. Ou se não ocorreu”. A Cetesb explicou ainda que “os critérios adotados objetivaram identificar os cemitérios nos quais é maior a possibilidade de contaminação da água subterrânea, sendo verificada a profundidade do lençol freático, a proximidade de corpos d’água e o porte do município, com população acima de cem mil habitantes.”

Ficou estabelecido que os cemitérios existentes antes de dezembro de 2002 estão dispensados de proceder ao licenciamento ambiental, pelo Decreto Estadual. Porém, a Cetesb definiu que estes deverão fazer a investigação confirmatória de contaminação, sendo convocados conforme seleção dos empreendimentos, a partir de um levantamento em que cada área recebeu uma pontuação para cada um dos atributos estabelecidos para a sua caracterização ambiental, sendo que, quanto maior a pontuação total atingida, maior seria probabilidade do empreendimento ser considerado suspeito de contaminação.

Os irmãos José Luiz Mariano e Galdino Mariano de Almeida, que moram na Vila Matias, em Sabaúna, estão apreensivos. “Se tiver algum problema com esse cemitério tinha que fazer alguma obra pra drenar isso, porque ele é muito antigo”, diz o ajudante geral José Luiz. Caso a contaminação seja confirmada, a Companhia Ambiental irá exigir do responsável a apresentação de um plano de recuperação da área, que será devidamente analisado. Se aprovado, o plano deverá ser executado e, se reprovado, o responsável deverá fazer os aperfeiçoamentos necessários.

A Cetesb esclarece que a recuperação de águas subterrâneas consiste, geralmente, na extração do líquido contaminado, seguindo-se o tratamento para remover os contaminantes. Se o problema for no solo, normalmente, este é removido e substituído. A Companhia diz ainda que caso não se constate a existência da poluição, o empreendimento deverá manter os cuidados preventivos, como a manutenção adequada dos sistemas de drenagem, impermeabilização adequada do solo e monitoramento periódico das águas subterrâneas.


Prefeituras

A Secretaria de Meio Ambiente de Suzano informou que a contratação de empresa especializada para realização do estudo já está em fase de licitação. A Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente de Ferraz de Vasconcelos afirmou que está trabalhando no processo licitatório que vai tornar possível a contratação de uma empresa especializada em laudos e estudos técnicos ambientais. Informou ainda que essa empresa ficará responsável em realizar uma análise superficial e subterrânea dos dois cemitérios, verificando, assim, a questão solicitada pela Cetesb. Ressaltou ainda que a Prefeitura investe na fiscalização dos cemitérios municipais e particulares da cidade.

O secretário de Verde e Meio Ambiente de Mogi das Cruzes, Romildo Campello, informou que a primeira etapa do estudo já está sendo providenciada, que é a entrega de informações sobre o cemitério, como a quantidade de jazigos e sepultamentos. “Há ainda a necessidade de contratação de serviços técnicos e estamos em processo de contratação”, conclui ele que enfatiza também que este é um procedimento de rotina de toda a região do Vale do Paraíba e, que, por isso o Cemitério de Sabaúna está incluso na pesquisa.

(Foto: Pedro Carlos leite/G1)


Postado em: 13, abr, 2016

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